sábado, 16 de julho de 2011

A arte de esquecer

«Ao contrário, a arte de esquecer a inutilidade em que se traduz a maior parte das inquietações que consomem o nosso tempo, reduz as recordações a tão pouco que muitas vezes se contam num gesto, e sem palavras.»
[Adriano Moreira, A Espuma do Tempo, Almedina, Coimbra, 2008, pág.9]


«Vai amigo,
Não há perigo que hoje possa assustar.
Não se iluda,
Que nada muda se você não mudar.
Ponha alguma na sacola,
Não esqueça a viola,
Mas esqueça o que puder,
E cante que é bom viver.
Rasgue as coisas velhas da lembrança
Seja um pouco de criança,
Faça tudo o que quiser,
E cante que é bom viver.
Vai amigo,
Não há perigo que hoje possa assustar.
Não se iluda,
Que nada muda se você não mudar.»

[Maria Eugênia, Companheiro]

terça-feira, 12 de julho de 2011

The importance of being Him

«Tudo o que fazemos sem Ele é, em última análise, agitação e moralismo.»

Cónego João Seabra, Homília da missa das 19h, Igreja da Encarnação do Chiado, 23/06/2011

domingo, 10 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Olhando a fotografia/Fotografando o olhar...


"Ali estavam os dois, em silêncio, no meio da festa. Frente-a-frente, olhos nos olhos, com o sorriso cúmplice de quem partilha um segredo, fixavam-se como quem fixa o seu mundo; contemplavam-se como quem encontrou a sua razão de viver.
Agora, aqui, passados já seis meses desde que se encontraram, se cruzaram e se seguiram para não mais se separar, não trocavam palavras, apenas olhares. Parados no meio da multidão, para eles não havia mais ninguém, mais nada. Apenas eles, só eles..."
[Caude Monet, Le déjeuner sur l'herbe (parte central), 1865]

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Perigo de Viver

«Passava como uma navalha através de tudo; e, ao mesmo tempo, ficava de fora, a olhar. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora, longe e sozinha, no meio do mar; sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse.»


[Virginia Woolf, Mrs Dalloway, Livros do Brasil, Lisboa, 1950, pág.10]

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto 1952 - 2011

Maria José da Cunha Avillez Nogueira Pinto
23 de Março de 1952 - 6 de Julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Agridoce

«Foi um processo longo e difícil, como sempre o são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas.

Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade. É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais difícil de atingir - os torna verdadeiramente amantes.»

[Miguel Sousa Tavares, Não te deixarei morrer, David Crockett, 11ºEdição, Oficina do Livro, Lisboa, 2001, pág.4]

segunda-feira, 4 de julho de 2011

S. M. o Imperador Otto Habsburg 1912 - 2011

S. M. I. Francisco José Otão Roberto Maria António Carlos Maximiliano Henrique Sixto Xavier Félix Renato Luís Caetano Pio Inácio
20 de Novembro de 1912 - 4 de Julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Inesperados

Ele chorava por a ver cometer erros tão estúpidos. E chorava ainda mais por ela não chorar ao ver a tristeza, o sofrimento e a dor que esse erros lhe causavam... E, por isso, rezava, para que Deus lhe concedesse a graça, não da comoção da alma dela, mas da força que ele precisava para lidar com a falta dela.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A margem de contingência da nossa vida

«Ela serve para ilustrar, de forma particularmente poética e particularmente incisiva, que existe uma parte da nossa vida que escapa ao nosso desejo, ao nosso controlo, à nossa simples vontade. Podemos conhecer a linguagem do mar. Podemos conhecer o barco em que navegamos. Podemos conhecer a tripulação que nos acompanha. Podemos até alimentar uma chama de confiança que não se apaga com os primeiros ventos. Mas existe sempre uma margem de imponderabilidade - a doença que surge, o mar que se revolta, a tempestade que subitamente se abate sobre a nossa embarcação - e que afecta o que fazemos e não fazemos. Mais ainda: que afecta o resultado do que fazemos e não fazemos - podendo, até, justificar as nossas acções. Na vida humana, e na vida em sociedades humanas, nem tudo depende da nossa exclusiva vontade. Independentemente da nossa vontade, e por vezes contrária a ela, existe uma margem que não prevemos, não controlamos e não dominamos».

[João Pereira Coutinho, Sorte e Política, in Actas do II Congresso de Ciência Política, pág.608]