quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Lá se vai mais um pouco da identidade nacional...
A notícia de que há o desejo de fazer diminuir as áreas onde se vislumbra a nossa tão típica calçada portuguesa é só mais um sinal da catástrofe. Ainda por cima, quando a notícia surge dias depois a uma outra que informava que o Brasil está a importar o conhecimento português, para revitalizar a "arte" que é a calçada portuguesa.
É mais uma martelada na identidade.
domingo, 21 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Ideologias
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
A propósito do Estado do País
«The whole country is going down the plug hole. Nobody cares. Someone's got to stand up and be counted. Someone has to say, "Here I am. This is what I stand for." Impeccable standards and old-fashioned integrity.
And if you don't like it, you can go down the road. Let me tell you something. When you've gone down that road, you can't come back. When you've gone down that road, it's over. It's curtains. And I'm not just talking about Panama. I'm talking about the whole human race.»
No fundo, o que falta ao país são Homens;
Ou como diria o outro: "o que falta são Salazares".
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Se eu fosse pai, já tinha enviado um mail para o Sol dizendo "Obrigado João Araújo"
Educação Sexual: 6 mitos e 6 factos
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Nem tudo o que é, tem necessáriamente de o ser
«NEM TUDO O QUE PARECE É
Com esta luz e com estas cores, Portugal parece o Paraíso. Perdido.».
domingo, 3 de outubro de 2010
Quem disse esta frase?
Resposta A: Arsène Wenger
Resposta B: Paulo Sérgio
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
AOS 28/04/1889 - 27/07/1970
Imagem colhida no Euro-Ultramarino.
Aconselhável também a leitura do Jornal i do dia.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Faz-me Pena
Amália Rodrigues
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Valores
Ser Amargo
«Nenhum escritor representa um país. De resto, quanto maior ele for, menos o representa, porque a grandeza criativa vai sempre a par com a singularidade, a dissensão, a controvérsia, a solidão.»
Bastou-me. Não preciso ler mais.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Barbaridades
Segundo ele, o «Norte deu sinais ao Sul de que aí vinha a República. E com a República veio a Democracia».
Enfim, não comento a barbaridade histórica. Nem a aberração que significa à luz do momento que festejam.
Mas deixo a dúvida, de como é possível considerar sequer alcançável uma elite cultural, quando aqueles que deviam representá-la não se inibem de fazer afirmações ignorantes sobre temas distantes dos da sua alçada, fundados em idealismos históricos, mas desprovidos de qualquer verdade histórica ou factual.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
28 de Maio: Revolução Nacional
terça-feira, 25 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Obrigado Aura! Muito, Muito Obrigado!
Porque em tais âmbitos - disse o Papa em Portugal - não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo e constroem barreiras à inspiração cristã.” Pois, aqui está uma boa definição de Cavaco Silva.
Que pena, Sr. Presidente. Se o Sr. tivesse assumido a sua posição antes de Bento XVI vir ao nosso país, teria sido mais honesto para com o Papa e para com os portugueses...
Mas não. O Sr. tomou a típica opção que desprestigia a política: encheu-nos de palavreado e lindos discursos de sabor cristão, para afinal fazer o contrário do que insinuou durante os quatro dias que andou com o Papa. Para quê Sr. Presidente? Para ganhar mais votos?
O Sr. sentou-se lá à frente na missa e ouviu certamente o que o Papa disse: ”o acontecimento de Cristo é a força da nossa fé e varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano (...) mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós".
O Presidente da República fez exactamente o contrário disto, dois dias depois de se despedir do Papa.
Começo a acreditara que o País pode começar a pensar em andar para a frente, tais têm sido os julgamentos feitos à atitude do Presidente da República. Cito as palavras de Aura Miguel porque vão profundamente ao encontro daquilo que penso. Parecia até que estava a ler o João Pereira Coutinho. Mas podia citar outras. Veja-se o incansável esforço dos laboriosos d' O Inimputável, ou o post da Inez Dentinho, e a sua pérola «Teríamos homem?». Brilhante, Deus meu, Brilhante!
Os Católicos começam, finalmente, a sair em sua defesa, e dos seus. A visita do Papa fez muito bem ao país. É tempo de se por fim aos conformismos. É tempo dos Católicos deixarem de engolir e amochar as atitudes desses outros que, em tempo de eleições, prometem sempre estar do seu lado. Como escrevia o Pedro Quartin Graça no Corta Fitas, «As sistemáticas declarações de Cavaco Silva sobre a necessidade de estabilidade na actual situação política, começaram verdadeiramente a desgastar o seu eleitorado tradicional». Deus queira.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Para que serve a Constituição?
1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.
2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da Constituição, que tenham natureza retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.
Mas que parte do artigo é que o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais não terá percebido?
terça-feira, 18 de maio de 2010
O que esconde o Primeiro Ministro
Quem o diz não sou eu, mas o pobre Passos Coelho que não aguentou sem mácula o primeiro encontro. «Que Peixe Graúdo deve ser este Coelho; o Engenheiro comeu-o logo» exclamam já vozes desconhecidas no balcão do talho. E com razão. O Primeiro Ministro deu a volta ao líder laranja de forma invejável. E até o Fred Astair está boquiaberto. Ao que parece foi só executar o Arabesque à Bruxelas e prometer-lhe o Battement do Poder para que o sujeito lhe caísse nos braços.
E isto revela muita da qualidade dos dotes artísticos do nosso Engenheiro. Senão vejamos: ou é ele que possui um jogo de cintura irresistível; ou então, só devido a grande ignorância e ingenuidade da oposição, decidiria o Sr. Coelho mostrar os seus dotes de Nureyev em sinal de assentimento - e não notando que o parceiro dançava ballet em vez do prometido tango - correndo a executar um plié.
Resultado: humilhação, aumento de impostos, quebra de promessas eleitorais antes de ser eleito e, claro, desculpas. E um Primeiro Ministro a executar Boleos e Latigazos com o Ministro das Finanças. Enfim: Sócrates deu baile!
Falando sério: o país está de rastos. É mais dinheiro que sai dos bolsos dos portugueses, sem haver sequer a promessa real de crescimento económico. Tudo isso porque não se fazem as reformas absolutas e necessárias como a do mercado de trabalho, da educação, a reforma institucional e mesmo da estrutura económica do país. Mas pedir a um governo minoritário que faça reformas corajosas, quando esse não as fez quando era maioritário, dever ser algo completamente absurdo. (Ouço vozes na minha cabeça que me dizem: É claro que é absurdo!) E, por isso, o melhor é continuar a olhar para o lado e fingir que nada acontece. Ou melhor, fazer uma festa e ver se a crise passa. Alguém traga as bebidas. Eu não posso. Não tenho dinheiro. Mas garanto-vos pelo menos animação: o Engenheiro e o Coelho já estão na pista de dança.
Só espero que no fim não acabemos a dizer o que eu escreverei no fim deste post:
eles dançaram o tango. E decidiram que o país tinha que fazê-lo também. Com um pormenor: de tanga.
O Morno
sexta-feira, 14 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
O dia em que Pedro chegou a Portugal
domingo, 2 de maio de 2010
O Dia do Cravo Desfolhado
Mas a festa não se ficou por aqui. Seguiu-se o mítico General Eanes que só agora descobriu que a descolonização, afinal, «não foi a melhor, muito longe disso».
Por entre os apupos e opiniões costumeiras, do achista ao comentador, as declarações foram maioritariamente consideradas polémicas. Mas arrepia-me pensar dessa forma. Hoje custa-me acreditar que algo que não seja futebol ou Cristiano Ronaldo cause polémica neste país onde a palavra indignação deixou de existir. Por entre todos os defeitos que se lhes possam apontar, e da contradição que representam perante as ideias que sempre propagaram, estas declarações têm o mérito de ser realistas, e pode ser que ajudem a julgar a história de Portugal, especialmente o período do 25 de Abril.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
"Raposas" e "Ouriços"
Tarefa decisiva
Seria possível escrever vários tratados sobre o assunto. Felizmente, para nós, alguém já se encarregou da tarefa. O nome é Isaiah Berlin, nasceu cem anos atrás, em Riga, atual capital da Letônia. Acabaria por morrer em 1997, na Inglaterra, país que o acolheu ainda na infância. Os obituários foram generosos e aclamaram sir Isaiah como um dos mais importantes intelectuais do século 20. Difícil discordar. Mas mais difícil será resumir, ou tentar resumir, essa importância. Os textos elegíacos falaram de Berlin como um eminente professor de história das ideias em Oxford; como um especialista na intelligentsia russa do século 19; como um defensor clássico da liberdade; e todos lembraram o seu papel durante a Guerra Fria, condenando o totalitarismo soviético quando muitos outros preferiam desviar o olhar. Mas nenhum dos textos foi tão cristalino como a minha amiga desencantada: Isaiah Berlin conseguiu ver as sociedades humanas como aglomerações de indivíduos que não habitam necessariamente o mesmo universo. Somos distintos. E, precisamente por isso, desejamos valores distintos. Um estudo da história das ideias não é apenas uma tarefa intelectualmente importante. Para Berlin, é uma tarefa conceitualmente decisiva. Dos gregos a Maquiavel; dos "philosophes" do século 18 aos românticos do século seguinte, a história dos homens é a história da diversidade humana.
Mas Berlin não se limitou a vislumbrar essa diversidade. Berlin não se limitou a cartografar a tensão recorrente entre o múltiplo e o uno: entre aqueles que defendem uma visão pluralista da existência humana (as "raposas", para usar a terminologia que Berlin pediu de empréstimo ao poeta Arquíloco) e aqueles que procuraram, nos seus esforços intelectuais, encontrar um único princípio explicativo, capaz de reduzir a multiplicidade a uma única hierarquia de valores (os "ouriços"). Berlin foi ainda mais longe ao declarar que não são apenas os homens que desejam valores distintos. Os próprios valores, disse Berlin, são também radicalmente distintos. A importância da tese está no "radicalmente": quando afirmamos que os valores são radicalmente distintos, não pretendemos apenas dizer que eles são diferentes uns dos outros, o que seria um truísmo digno de La Palice. Queremos afirmar que os valores são incompatíveis uns com os outros: como no filme de Clint Eastwood, os valores implicam escolhas trágicas e agônicas; escolher certos valores implica abandonar outros. Podemos amar a liberdade. Podemos amar a igualdade. Mas não podemos ter ambas na sua expressão máxima, porque ambas se neutralizam na sua expressão máxima. "A liberdade total dos lobos seria o fim dos cordeiros", escreveu. Mas Berlin escreveu mais: os valores não são apenas distintos e por vezes incompatíveis. Eles podem ser incomensuráveis. Eles podem ser tão radicalmente distintos que não existe uma forma de os avaliar ou medir "a priori".
Contra as utopias
A filosofia contemporânea ainda hoje discute as verdadeiras implicações do pluralismo de Isaiah Berlin. Até que ponto esse pluralismo é distinto de uma forma de relativismo moral e cultural? Até que ponto esse pluralismo permite sustentar uma posição liberal, ou seja, uma posição que concede à liberdade do indivíduo prioridade lexical sobre todos os outros valores? E até que ponto é racionalmente impossível hierarquizar valores incomensuráveis? Não vou perder o tempo dos digníssimos leitores com esse debate esotérico que, confissão pessoal, ocupou os últimos sete anos da minha vida, em Lisboa e em Oxford. Prefiro dizer simplesmente que o pluralismo de Berlin, a defesa de que os seres humanos são distintos e também por isso desejam valores radicalmente distintos, é o mais poderoso argumento contra o mundo fechado das utopias. O pensamento utópico acredita e professa que, no passado ou no futuro, existiu ou existirá um estado onde as necessidades humanas se encontram resolvidas. Um mundo perfeito onde os seres humanos desejam necessariamente os mesmos fins de vida e onde os valores caros à existência se encontram harmoniosamente reconciliados na sua expressão máxima. Infelizmente, o pensamento utópico falsifica a natureza dos homens e a própria natureza dos valores.
O século 20, com seu longo cortejo de horrores e atrocidades, não foi apenas um século de crimes vulgares. Foi um século que cometeu esses crimes porque pretendeu iludir a natureza pluralista dos homens e dos valores sob a capa da mais feroz uniformidade. As utopias estão condenadas ao fracasso, não porque os homens são fracos, ou ignorantes, ou insuficientemente sonhadores. Mas porque a própria ideia de utopia como um estado perfeito onde os homens desejam os mesmos valores e onde os valores podem ser harmonizados na sua expressão máxima assenta na mais pura falsidade existencial e filosófica. Os homens não são assim. Os valores também não. Cem anos depois do seu nascimento, o legado de Isaiah Berlin permanece válido para o futuro: as nossas sociedades só sobrevivem quando somos capazes de estabelecer equilíbrios entre valores concorrentes, sem nunca permitir que o poder político leve ao extremo esses valores. No extremo, eles apenas se destroem; eles apenas destroem as sociedades que marcham na cegueira rumo à solução final.
João Pereira Coutinho
In Folha de S. Paulo – Suplemento Mais! – 31/5/2009
quarta-feira, 21 de abril de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Política à Portugesa
terça-feira, 13 de abril de 2010
Breve nota sobre pedofilia
O que me surpreende no debate deste tema é a pouca razoabilidade com que se disparam argumentos. Há sempre uma preocupação com a honra própria; e sempre uma ausência de cuidado com a honra alheia.
Há não muito tempo, em Inglaterra, o governo tentou implementar uma medida de prevenção da pedofilia que consistia, pura e simplesmente, na obrigação de todo e qualquer adulto cuja actividade laboral estivesse minimamente ligada a crianças, de se submeter a um teste que garantiria ao examinando um diploma oficial que atestaria que ele, afinal, não era como Lewis Carroll ou Nabokov. A medida, está claro, suscitou debates calorosos por uma razão mais que evidente: mais do que prevenção da pedofilia, a medida garantiria um incentivo ao julgamento social (mesmo sem crime). A presunção de inocência inverter-se-ia para presunção de pedofilia. E poderíamos adivinhar o rápido aumento de casos de vindicta privada.
Mas centremos a nossa atenção no que importa: a pedofilia não é uma característica humana. É um comportamento desviante. É um crime; é o supremo e mais repugnante crime que se pode cometer. E quem o comete são homens. Homens de todos os géneros e idades, de todas as cores e nacionalidades. De padres a chefes de governo, de pais a educadores de infância.
Se o Cardeal Bertone errou, não sei. Nem sei o que disse. Sei é que há uma disparidade de critérios nos julgamentos da questão. Fazer de qualquer homossexual um pedófilo é, para a maioria das vozes saídas da comunicação social, um passatempo habitual de gente conservadora, reaccionária, anti-modernista, discriminatória e de má fé. Mas proclamar que todos os padres são pedófilos é uma evidência que só criminosos podem negar.
Enfim. Passados milhões de anos de civilização chego à conclusão pouco simpática de que afinal ninguém conhece ainda a matéria de que os Homens podem ser feitos.
A pedofilia não é exclusiva dos padres, assim como não o é dos homossexuais. É uma desordem mental; um erro dos Homens. É um crime, assim como a tortura ou o assassínio. E é, infelizmente, algo que se sabe existente nos quatro cantos do mundo.
Deixarmo-nos ir pelas generalizações, nivelar todos os comportamentos, não retira apenas a racionalidade que a questão exige e necessita. Faz muito pior que isso, Deus meu: retira-lhe toda e qualquer justiça!
quarta-feira, 7 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Coisas do IKEA
Uma senhora vai ao Ikea comprar um armário novo. Para que lhe saia mais barato, compra um em kit. Ao chegar a casa, monta-o e fica perfeito. Nesse momento passa o comboio (ela mora junto à estação de comboios) e o armário desmonta-se todo. Monta novamente o armário. E este volta a cair com o passar do comboio. À terceira tentativa falhada, telefona para a Ikea e exige a presença de um técnico.
O técnico chega, monta o armário e, quando passa o comboio, desmonta-se todo. O técnico monta novamente o armário, passa outro comboio e, armário novamente desmontado. Então, o técnico tem uma brilhante ideia:
- Escute, minha senhora, eu vou montar novamente o armário, meto-me lá dentro e espero que passe o comboio para ver porque é que o armário se está desmontar.
Nisto o marido entra no quarto e diz:
- Querida, que armário tão bonito! - e abre a porta. Ao ver o técnico da
Ikea pergunta:
- O que é que você faz aí?
Este responde:
- Estou quase tentado a dizer-lhe que vim comer a sua mulher. Porque, se lhe digo que estou à espera do comboio, não vai acreditar.
(Recebido por E-Mail)
quarta-feira, 31 de março de 2010
Finalmente uma alma solidária!
A Culpa em 3D
ATENÇÃO: "Avatar", que levou três estatuetas no Oscar, provoca doenças. Li algures. Uma pessoa está várias horas na sala, com óculos 3D, acompanhando com entusiasmo as aventuras da raça humana em planeta azul e distante. E, quando a festa acaba, desce uma tristeza sem nome sobre a nossa alma. O confronto com a banal realidade pode ser, dizem, traumático.
Comigo, foi precisamente o contrário: deprimi durante o filme. Quando o filme terminou e eu mergulhei nessa "banal realidade", senti a alma a renascer. Será possível? Os médicos não têm
resposta para a minha estranha condição. Eu talvez tenha uma: "Avatar" pode ser um prodígio tecnológico do século 21. Pena repetir os piores clichês narrativos e políticos do século 20.
Mas vamos à história, caso a desconheçam. "Avatar" é um filme de ficção científica sobre a relação entre a raça humana e o povo Na'vi, habitante do dito planeta. Nesse planeta, de nome Pandora, existem recursos naturais valiosíssimos que os humanos cobiçam. Os Na'vi não abrem mão dos ditos recursos.
Os humanos respondem ao desafio de forma dupla: militarmente, preparam ofensiva bélica contra os Na'vi, esperando ocupar o planeta e roubar o que podem; cientificamente, a via é outra: entrar em contato com os nativos através de clones deles. Esses clones, que dão nome ao filme ("avatares"), são controlados mentalmente pelos próprios humanos. Como se fossem marionetes de controle remoto.
Fatalmente, a ganância militar vence a pureza imaculada da ciência. Os Na'vi são atacados; o
planeta Pandora parcialmente destruído; mas, redenção final, um dos cientistas, que começa como militar empedernido e traiçoeiro, termina como o Gandhi local, liderando a revolta e disposto a trocar de lado para defender os Na'vi da predação humana. Não nego que "Avatar" fascina os incréus com a utilização engenhosa do 3D. Mas a questão passa por saber se o 3D resiste à vulgaridade previsível da história. Não creio. Dez minutos bastam para experimentar a novidade visual de James Cameron. Ao décimo primeiro minuto, retiramos os óculos (com incômodo), bocejamos (com estridência) e sentimos que a novidade está vista e revista. Venha a história, por favor.
A história não vem. Vêm retalhos de histórias mil vezes contadas em que a denúncia é conhecida: nós, humanos, imperialistas e belicistas, não respeitamos a pureza das culturas locais. Exploramos elas para nosso ilegítimo ganho, esmagando a riqueza profunda, e profundamente espiritual, de povos que consideramos "primitivos" ou "inferiores".
Felizmente para esses povos, existe sempre um exemplar da espécie humana que, em ato de contrição, se converte ao nativismo, repudiando os valores "ocidentais" e combatendo-os em nome da causa tida por "inimiga". "Avatar" é isso: uma mistura de "Pocahontas", "Dança com Lobos" e "O Último Samurai", servido em formato 3D. E, sendo isso, não se distingue do primarismo que habita esse tipo de filme: o primarismo de olhar para culturas distintas como intrinsecamente superiores à cultura branca, ocidental e, de preferência, judaico-cristã.
"Avatar" é um filme sobre a culpa; o sentimento de culpa que assola as consciências progressistas; sobre "o fardo do homem branco" que ele, coitado, carrega há gerações para expiação dos seus pecados "imperialistas". E dos pecados dos seus pais, de seus avós, e bisavós, e trisavós... O que está ausente dessa visão é a ideia simplória de que a cultura branca, ocidental e judaico-cristã, apesar dos seus erros históricos (que os houve), também foi capaz de produzir uma civilização que garante ainda um espaço de liberdade, humanidade e decência que, muitas vezes, está ausente dessas culturas "intocadas". Culturas onde a arbitrariedade do poder tribal; a violência física sobre os mais fracos; o animismo pré-científico; e até a mera bruxaria terapêutica não deveriam inspirar respeito. Só repulsa.Regresso ao início. "Avatar" provoca doenças? Dizem que sim. Um mundo azul de comunhões espirituais perfeitas pode alimentar sério desânimo para quem não gosta de se confrontar com o mundo imperfeito onde vivemos. No meu caso, a doença só se dissipou quando abandonei o sermão de James Cameron e o seu belo planeta de tédio. Dissipou-se, enfim, quando regressei à "banal realidade" das nossas vidas igualmente banais. A cidade. As sirenes, o trânsito, os rostos que passam. A chuva. A banca dos jornais. Os cafés. Os amigos que se encontram. A noite que cai.»
Subscrevo tudo o que diz o João. Se me permitem, associo-me a ele. Sinto-me abraçado fraternalmente ao lê-lo. Mais: até sinto as suas palmadinhas nas costas. Simplesmente esquecia a Pocahontas e a Dança com Lobos e os demais, e em vez disso compararia a pelicula apenas a um fenómeno nacional: a Floribela. Porque ainda mais absurdo que a clara crítica ao mundo ocidental, o filme traz subjacente a ridícula mensagem ecologista de que o mundo é salvo pelas árvores e animais com os quais falamos e caminhamos por entre as amarguras da vida em pé de igualdade. Perdão, é pior: em clara desigualdade negativa. Isso, mais fadinhas.
No entanto, as lágrimas que agora me escorrem pela cara por me ver tão compreendido por alguém que diz o que eu por manifesto defeito nunca arranjei talento para dizer não me devolvem as horas que perdi naquela sala de cinema.
Valeu pela companhia.
Enfim...
segunda-feira, 29 de março de 2010
Tributo aos Portugueses
domingo, 28 de março de 2010
200 Anos de Herculano
sexta-feira, 26 de março de 2010
Renuncia a principios basados en la fe lleva a autodestrucción de España
Juan Manuel de Prada - VALENCIA, 24 Mar. 10 / 10:07 pm (ACI)
El conocido intelectual y escritor católico Juan Manuel del Prada, advirtió que "lo que caracteriza nuestra época es la claudicación de los valores y la renuncia inconsciente de los principios basados en la fe, que nos ha llevado a que Occidente, y España de manera más rápida y virulenta, viva un proceso de autodestrucción".
En su ponencia titulada "¿Quo Vadis, España?" (Adónde vas, España?) en el marco del V Foro sobre Educación y Solidaridad que organiza la Gran Asociación de Beneficencia Nuestra Señora de los Desamparados, en Valencia, el también colaborador de L’Osservatore Romano y otros diarios, analizó la situación por la que atraviesa el país ibérico como consecuencia de la pérdida de la fe.
El también ganador del Premio Planeta, indica la nota de prensa, explicó que la religión cristiana ha propiciado muchos de los avances de la humanidad, que tiene su "última expresión" en los Derechos Humanos. Por eso, declaró, "la ruptura con la fe es también una ruptura con el sentido profundo de los Derechos Humanos, que han dejado de ser un reconocimiento de la dignidad y se han convertido en concesiones graciosas que el poder nos otorga para satisfacer nuestros caprichos".
Para Juan Manuel de Prada uno de los principales motivos de los males de nuestra sociedad es el culto a la libertad sin controles, lo que "en realidad nos hace más esclavos que nunca". Desde su punto de vista, "enalteciendo la libertad hemos convertido en sagrada e intocable a la democracia actual, aunque este sistema de gobierno, como cualquier otro, puede acabar degenerando en una tiranía".
"Las tiranías modernas son infinitamente más poderosas que las clásicas, porque en lugar de reprimir y censurar, permiten libremente la expresión de todos los pareceres, consiguiendo que la gente no tenga conciencia de estar sometida", afirmó.
Para ejercer ese poder, los gobiernos han llevado a cabo lo que Prada llama "un proceso de ingeniería social de destrucción" que se basa en romper los vínculos entre las personas, especialmente los familiares. De esta manera, el trabajo se ha impuesto como el objetivo principal en nuestras vidas, agotando el tiempo que los padres dedican a los hijos.
También denuncia que "se ha exaltado el egoísmo enmascarado de libertad" y se ha roto con la función inherente a la familia de transmisión de afecto y de la vida. Como ejemplo de esta grave deshumanización que sufre la sociedad española citó la ley del aborto: "A lo que es un crimen se le llama derecho", alertó.
segunda-feira, 22 de março de 2010
As Rolhas
Perdoo-lhes, porque elas não sabem o que fazem. E, com total honestidade, envio um abraço ao dr. Santana: a ideia de punir militantes em vésperas eleitorais pode ser uma violência para quem preza a opinião livre. Mas quem preza a opinião livre tem sempre um caminho altamente meritório: não entrar para um partido ou, em alternativa, sair dele. Porque o PSD, ou o PS, ou até o PCP têm toda a legitimidade para organizarem a casa como entendem, desde que não imponham aos outros as regras que aplicam aos seus.
Claro que, à margem desta discussão, existe outra: a oportunidade. Um partido que denuncia a ‘asfixia’ fora de portas não devia exibir em público as suas ‘asfixias’ privadas. Mas esta questão táctica não altera o paradoxo essencial: os paladinos da liberdade são precisamente os mesmos que condenam as escolhas livres de um partido a que não pertencem. Haverá maior exibição de intolerância?
sábado, 20 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
O que os homens querem de uma mulher
Quando me perguntam o que acho das mulheres, a minha inclinação natural é responder como um arguido: "Nada a declarar." Acho preferível exercer o meu direito ao silêncio, não vá alguém usar contra mim algumas das minhas palavras. Todo o homem é isso mesmo, começa como arguido diante das mulheres. Precisa de provar para não ser condenado.
Por isso, sempre achei que o segredo do negócio é dizer pouco e escutar muito. Se sei alguma coisa sobre as mulheres, é o mesmo que sei sobre economia: sei que devia saber mais. Mas não sei. E o que sei é mais ou menos o que irei repetir aqui.
É o seguinte. Toda a mulher - bela, feia, mediana, celestial, não importa - é, como dizia Cesare Pavese, um "homem de acção". Pavese teve uma paixão funérea (por uma americana que o chutou para canto) e disse que as mulheres são "homens de acção". Não acabou bem: matou-se. Os seus diários estão cheios dessa necessidade de perceber as mulheres, de prever as mulheres - e as mulheres, já se sabe, não querem nada muito transparente que logo se cansam. Pavese até sabia e foi por saber que se lixou.
De qualquer maneira, o que importa é essa visão realista sobre as mulheres: as mulheres como criaturas menos falíveis, menos lunáticas do que os homens, as mulheres dotadas de maior pragmatismo e lucidez que os do "outro lado".
Para as mulheres, não existem abstracções. Por exemplo, não existe o Homem mas homens concretos e mulheres concretas. Existe o pai, o irmão ou, desculpem o termo, o companheiro; nunca o membro insípido e distante da espécie. Depois, reparem que as mulheres, que nunca fizeram muitas revoluções, nunca fizeram, sobretudo, revoluções inúteis. O sufragismo foi uma revolução útil. As feministas empenhadas sabiam que não estavam a contemplar a terrífica exploração masculina para ocupar tempo. Queriam uma nova revolução para alcançar algo novo e importante.
Elas não trabalham de borla. Quando os soldados portugueses partiram para a Flandres na primeira Guerra Mundial, as mulheres portuguesas organizaram peditórios públicos. Não era generosidade. Não eram tempos livres. Era o imenso pragmatismo feminino a acontecer. Pensem num dos casais mais célebres de todos os tempos, Xantipa e Sócrates. Quem era Xantipa? Discutia Parménides com o marido? Nada disso importa. Porque Xantipa sabia mais do que Sócrates, é o que vos digo. E talvez olhasse para o pobre com algum compassivo desprezo.
As mulheres não querem saber o que são as coisas. Não são filósofas. Querem perceber antes como funcionam e o que se pode fazer com elas. Querem saber como fazer. O "como" é o que lhes interessa. São homens de acção à espera de uma batalha.
Pedro Lomba
Jurista
no i de 06 de Junho de 2009
quinta-feira, 18 de março de 2010
É caso para perguntar: não votaram?
O PSD fez um congresso para se unir, mas acabou por sair dele ainda mais partido. Desta feita, o problema é a "lei da rolha". E Santana Lopes até prova ter razão quando diz que a norma é necessária. Basta ver que por causa da própria regra estatutária o partido já está todo dividido. Mas não era preciso pensar na discussão da regra. A história recente do PSD é o melhor exemplo de como repartir um bolo pelas crianças de forma equitativa aos seus desejos.
Três dias depois da votação, o PSD já só pensa em revogar uma norma que prometia ser a solução para o problema da divisibilidade. Espera-se maior firmeza nas propostas para o país que o PSD pode vir a apresentar enquanto oposição. Isto se quer de facto ser, como todos os candidatos desejam e prometem, uma verdadeira oposição. Ou melhor: uma verdadeira solução; uma verdadeira opção.
O pior é que o debate até já excedeu as paredes da São Caetano. E os vizinhos, principalmente os do Rato, aproveitaram logo para apontar os vícios anti-democráticos dos seus concorrentes, e lançaram-se logo numa cruzada pela democracia, com debates parlamentares e ameaças de Tribunal Constitucional.
A minha opinião pessoal não muda ventos nem marés. E por muitas suspeitas que me levante o artigo estatutário, não me debruçarei sobre o tema porque tenho mais que fazer. Mas, e chamem-me persecutório, tendo sempre a desconfiar dos concelhos do adversário. E acho que o PSD deveria fazer o mesmo. Ou esperam verdadeiramente que o Partido Socialista cuide dos problemas dos Sociais-Democratas, e defenda os seus interesses?
Mas eu também entendo Santana, e estou solidário com ele. Estou-o duplamente: primeiro porque o partido teve tempo para pensar e discutir a proposta. E mais democrático que os limites constitucionais da norma, é o respeito pela autodeterminção do partido. E aí estamos obviamente perante uma deslealdade para com os militantes que votaram favoravelmente. No entanto, e observando o tratamento dado à democracia nacional, compreendo que estranho será que alguém se preocupasse com a democracia interna dos partidos.
Em segundo lugar, porque como Santana Lopes referia amargurado, eu também acho que há todo um problema de distracção no PSD. A começar pelos actuais candidatos à presidência, que agora se procuram elevar como arautos mais democráticos que a democracia, ignorando por completo o valor das decisões internas globais.
Oxalá a sua queda não comece aí; e não acabe, quem quer que chegue a líder, por ser vitima do seu próprio veneno.
Um partido que lava a sua roupa na praça pública, e deixa que os seus opositores debitem sobre os seus assuntos internos, não pode esperar ter o respeito dos eleitores. E o PS só está a fazer o que se esperava: cravar mais uma estaca no lombo já torturado dos sociais-democratas.
O problema é que o PSD pretendia renascer (ou recrescer) e arrumar a casa no congresso. Mas em vez de começar por aplicar as trancas na janela que o defendesse das investidas inimigas, pondo fim a um longo martírio, o PSD preferiu abrir novamente as janelas da sua casa sob o lema da renovação, talvez para afastar o cheiro a mofo, e através disso, abriu mais uma vez o flanco para a ofensiva socialista.
No meio disto tudo começo a pensar na verdadeira preocupação do Partido Socialista. De facto é melhor não deixar que o PSD se una, ou então lá se vai a estabilidade governativa que perdura, primeiramente, porque ainda têm um projecto que se conhece, independentemente de ser bom ou mau. Mas o pior não é isso: é que se o PSD marchar todo à mesma velocidade e à voz do mesmo timoneiro, lá irão por água abaixo todos os votos que os membros do PSD (e, principalmente, a sua influência) deram aos rosas descarada e discriminadamente por pretensa oposição e divergência para com a liderança.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cenas de uma novela Portuguesa
- Oh Guilherme, mas porque é que tu és sempre tão bruto?
- Oh querida, porque estou cansado... - responde a besta já amansada, enquanto fita a esposada com ar folião.
Ela investe de novo para ele e põe-lhe uma felpuda venda roxa nos olhos enquanto lhe diz com o mesmo sotaque, "então descansa". Entretanto o lerdo marido vai soltando gargalhadas malandras.
A mulher sai do quarto, e regressa, desta feita vestida de gueixa, prometendo-lhe uma massagem... e jantar com pauzinhos.
E eu finalmente consegui que o comando mudasse de canal.
É a Televisão à portuguesa!
domingo, 14 de março de 2010
Graças a Deus!
A medida é legitima, mas pergunto-me se terá sucesso. É que o partido precisa de se ir construindo. E como defendia Popper, para isso é necessário haver espaço para conjecturas e refutações. Veremos se o prego não vira o bico, e em vez de um partido unido e liberal, se torna um partido uno mas totalitário, nas mãos de um novo líder.
Mas não se assustem já os mais temerários. Também há coisas boas nesta medida. E a primeira é que talvez seja agora possível calar o quase arrivista Fernando Costa, que entre enfardar trouxas de ovos das caldas ou atirar ovos a todo e qualquer filiado no partido, ainda hesita como Arjuna. Há já quem exclame: "Graças a Deus!".
Jorge Palma para a Presidência já!
«(...) ando muito deprimido
E é difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja»
sábado, 13 de março de 2010
A mulher não será o elemento civilizador do homem?
Para mim a resposta é óbvia: não, claro que não. E a título de exemplo, ela que começasse por ouvir o Johnny Cash.
"Because you' re mine, I walk the line"
quinta-feira, 11 de março de 2010
Mais que o Princípio de Casablanca, o que mais interessa hoje é que...
"Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny."
quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Para o Dia Internacional da Mulher
Para um Novo Feminismo de Janne Haaland Matláry, 2002
Partindo da experiência nórdica, precursora daquilo a que podemos chamar o "feminismo clássico", a Autora expõe as suas reflexões acerca das características próprias da mulher, propondo um modelo de feminismo em que as mulheres já não precisam de imitar os homens para obterem sucesso na vida profissional e terem uma intervenção decisiva na vida pública e na política. Trata-se, sem dúvida, de um feminismo "revolucionário", na medida em que rompe com todos os padrões impostos pelo movimento feminista dos anos 70, ao defender que a mulher só se pode sentir bem na sua pele se não for obrigada a renunciar à sua feminilidade e, sobretudo, à maternidade plena e empenhada.