terça-feira, 31 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Mr. Fonseca and Don Luigi
We chase the dragon right to his door, now look how fast did we burn
We ran wild through the haze in such a fast and different pace
We held those glasses high for so long, now look how tired and sad we've become
And then you're gone, I'm moving on, But those little things they can find me
The curtain falls and there's no applause and those little things follow behind me»
David Fonseca, Little Things II
«How many times you heard "it's over"
And then you go and fnd another
Another who pleads, another who gives, until it drives you out of your mind
You're tired to be the one that breaks, the one that hurts, that different kind»
David Fonseca, Morning Tide (Just Can't Remember)
«Baby you know that we can do it from the start
Baby, Yeah I can heal and mend your broken heart
Baby, there's a war outside these windows, now where are you heading to?
Baby, all I ever wanted girl was you»
David Fonseca, (Baby) All I Ever Wanted
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Uma Mulher à moda antiga!
Leio as notícias invasivas, invasoras. São fofoca, capricho, cusquice.
Mas ela ergue a cabeça. Sai à rua. Olha o mundo de frente. Diz, «Estamos calmamente à espera da sua conclusão, que não deve demorar muito. Pela minha parte, este encontro de uma noite está ultrapassado. Virámos a página. Posso acrescentar que nos amamos agora tanto como quando nos conhecemos»; ou «Não acredito por um segundo nas acusações feitas contra o meu marido. Não tenho dúvidas que a sua inocência será provada». Vê a sua vida devastada, arrasada. Duas vezes. Mas permanece.
Uma mulher à moda antiga.
Uma mulher que é Mulher.
Hoje há Bola!
E eu, como sempre, torço pelo único Sporting em campo...
(E que, curiosamente, parece ter o mesmo treinador...)
(E que, curiosamente, parece ter o mesmo treinador...)
terça-feira, 17 de maio de 2011
Tormentos
Há dias assim. Em que o mundo parece que nos sovou, ou que tirou o dia para nos sovar.
Apetecia-me, num gesto de gulosa vingança, pegar na guitarra e tocá-la estridentemente, furiosamente, como uma espada que fere os teus ouvidos, e gritar-te bem alto, There's nothing Wrong With me!. Mas eu não sou o David Fonseca. E finda a raiva dormente, alucinante, ilusionista, nebulosa, retorno à realidade.
E descendo, voltando novamente à terra, desinfectando as feridas e tratando as mazelas, renovo a minha fé, e lembro-me que no fim da vida não presto contas na terra, mas no céu. E por isso ergo a cabeça. Tento ter os olhos posto no céu, no cimo, no topo, lá no alto. E sigo, cantando, assobiando, o meu caminho. Com uma certeza que é sustentáculo no caminho da vida. Porque o que nos foi dado para fazer não foi perdoar, mas amar. Todo o resto, são coisas do Altíssimo.
E quem me dera não fosse no meu tempo. E quem me dera que fosse de outra forma. Mas quem não souber ser feliz aqui e agora, nunca saberá sê-lo. Porque este foi o tempo que nos foi dado. Não outro.
sábado, 14 de maio de 2011
Antíteses do Amor
(...)
Porque quando te chamo "minha burra"
Estou a dizer-te "meu amor",
Ou quando digo que "não precisas de vir,"
Estou a implorar-te que venhas, por favor.
Quando te grito, não é ódio,
Mas preocupação;
Quando me calo não é indiferença,
Mas um pedido de atenção.
Porque quando te chamo "minha burra"
Estou a dizer-te "meu amor",
Ou quando digo que "não precisas de vir,"
Estou a implorar-te que venhas, por favor.
Quando te grito, não é ódio,
Mas preocupação;
Quando me calo não é indiferença,
Mas um pedido de atenção.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
O Ciúme II
«Eu sei que nenhum homem escapa ao ciúme. O ciúme é a artéria principal por onde corre o nosso afecto.»
[Pereira Coutinho, João, O Sorriso de Ben Affleck, in Vida Independente, 2003]
segunda-feira, 9 de maio de 2011
O Ciúme
«Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme.
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros.
O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.»
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros.
O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.»
[Eco, Umberto, A Ilha do Dia Antes, Difel, 2005]
O V
No metro, encontro uma rapariga africana com pouco mais de 20 anos, adornada com um decote até ao umbigo. O decote, moderno, tinha a forma de um V mais que maiúsculo, e quem se desse ao trabalho de unir as extremidades, e se abstraísse das supinas e arredondadas montanhas, poderia ler a mensagem que sobre ele estava inscrito, mas que as margens separavam: "party girl".
Mas de que será feita essa party? Do decote ou do conteúdo? Só ela teria a resposta.
Eu não fui convidado. E, sinceramente, também não queria ser.
Mas de que será feita essa party? Do decote ou do conteúdo? Só ela teria a resposta.
Eu não fui convidado. E, sinceramente, também não queria ser.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Uma questão de disposição
Ela fez o que ele não quis, e não lhe disse. E, como sempre que não se quer alguma coisa, ele soube.
«Tu fazes o que quiseres», disse ele. E ela respondeu-lhe que era rídiculo ele dizer isso.
Ele não percebeu.
Ela explicou:
Ela explicou:
- Se estou contigo, supostamente, decides comigo as coisas que eu posso ou não posso fazer, as coisas que eu devo ou não fazer.
Ele parou um pouco para pensar. A sala encheu-se de silêncio. Até que a olhou nos olhos e exclamou:
- Tens razão.
Ela riu seriamente, e olhou-o com superioridade. Mas ele continuou.
- Tens razão, sim. Decidimos juntos. Decidimos juntos quando cada um assim quiser, ou melhor, quando cada um deixar que assim seja.
Ela não percebeu. Contentava-se e contemplava-se com a sua superioridade. Com aquela superioridade que julgava ter. Julgava, sim, porque toda ela era hipotética como a textura fofa das nuvens. Porque ele não se rendera. Ele não se subjugara como aparentava. Procurava simplesmente fingir desinteresse, tentanto, pelo contrário, alertá-la, reforçando o que dizia: ela queria que ele participasse na sua vida, que tomasse posição sobre as suas atitudes; e ele, que a queria mais que tudo, procurava demonstrar-lhe como tudo isso só era possivel se ela deixasse. Se ela permitisse, se ela o quisesse autorizar a entrar na sua vida. No fundo, se ela estivesse disposta a isso. Porque quase tudo na vida se resume a uma disposição. Quase tudo, claro; tudo o que nos tenha por protagonistas.
Penso na cena. Imagino a cena. Vivo a cena. E constato que Oakeshott acertou. A disposição interessa. Só ouvimos o que queremos ouvir. E, por vezes, ouvimos coisas para as quais não damos ouvidos. Porque não estamos abertos - ou por outras palavras, não estamos dispostos - a ouvi-las.
Caro leitor, o amor é um desejo belo; amar é muito bonito. Mas também é díficil e exigente. No entanto, deixar-se amar é-o ainda mais. Só ama quem quer; quem quiser verdadeiramente deixar o amado entrar e ocupar o seu lugar. O que é díficil, porque exige dar de si. Mas isso é apenas um passo, um pequeno passo a dar. Que se dá, se se estiver disposto a isso.
Ele só podia participar da vida dela, se ela estivesse disposta a isso, se lhe desse ouvidos. E ela só poderia ouvi-lo se lhe desse atenção, se se pudesesse diante dele, toda ela, e esperasse - o que é algo muito importante e nem todos sabem - pelo que ele tem a dizer. Se o ouvisse, se levasse a sério o que ele disse. Se parasse para pensar nisso, se considerasse - se tivesse alguma consideração. E quem diz ouvir, diz falar, fazer, planear, etc. Porque para que tudo isso, também é preciso falar - para se ver em conjunto, há primeiro que partilhar. E cada coisa que se esconde, é a confiança que se esvai, o que há em comum que se vai, a união se desfaz: porque houve um caminho comum se deixou de percorrer. Alguém que parou. Ou outro que em de andar, começou a correr.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
The Grass
Olho a relva ainda verde. Um dia, como eu, estará esfarrapada, amarelada, queimada pelo sol e pelo tempo. Um dia estará pisada pelos pés dos outros; curvada, arrasada pelo pêso dos outros.
No entanto, aqui, agora, está verde, e contém em si toda a esperança do mundo. E eu repouso sobre ela.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Nobreza de Espírito
«Aqui, uma vez mais, podemos testemunhar o nascimento da nobilitas literaria: a verdadeira nobreza de espírito. As artes, as humanidades, a filosofia e a teologia, a beleza - cada uma delas existe para enobrecer o espírito, para permitir à humanidade descobrir e reivindicar a posse da sua forma mais elevada de dignidade. É a herança cultural, as importantes obras de poetas e pensadores, artistas e profetas, que uma pessoa tem de usar para a cultura animi (a expressão de Cícero), o cultivo da alma e do espírito humanos - para que a pessoa possa ser mais do que aquilo que também é: um animal.»
Rob Riemen
[Riemen, Rob, A Cultura enquanto convite - Ensaio introdutório da Obra de Steiner, George, A Ideia de Europa, pág.15, Gradiva, 2007]
[Riemen, Rob, A Cultura enquanto convite - Ensaio introdutório da Obra de Steiner, George, A Ideia de Europa, pág.15, Gradiva, 2007]
segunda-feira, 2 de maio de 2011
W. Somerset Maugham
«It was a misfortune for English literature that Keats died too soon and Wordsworth too late»
[Somerset Maugham, The Novels and Their Authors, William Heinemann Ltd, 1954, pág148]
[Somerset Maugham, The Novels and Their Authors, William Heinemann Ltd, 1954, pág148]
domingo, 1 de maio de 2011
João Paulo II
Um milhão de pessoas deslocaram-se a Roma para assistir à Beatificação do Papa João Paulo II. Uma amiga minha perguntava com mordaz ironia, porque não fui a Roma. Segundo ela, toda a gente foi para Roma, "essa cambada de beatos!".
Riu-me. Levo a provocação com a indiferença de um árbitro insultado num estádio de futebol. E questiono-me sobre a veracidade das acusações. Será uma beatice seguir João Paulo II? Sair de casa para ir ao encontro de um velho, em estado cadavérico, fechado numa caixa de madeira?
Riu-me novamente. Entendo a crítica, que se justifica apenas quando vinda de quem não consegue ver mais além do que é aparente, do que está diante dos olhos. É um problema de vista.
Riu-me. Levo a provocação com a indiferença de um árbitro insultado num estádio de futebol. E questiono-me sobre a veracidade das acusações. Será uma beatice seguir João Paulo II? Sair de casa para ir ao encontro de um velho, em estado cadavérico, fechado numa caixa de madeira?
Riu-me novamente. Entendo a crítica, que se justifica apenas quando vinda de quem não consegue ver mais além do que é aparente, do que está diante dos olhos. É um problema de vista.
Há muito que lido com a diferença: como católico, sou olhado como um tipo esquisito, como uma raça à parte da humanidade. É um preconceito habitual. Mas o capricho não se ficam por aqui. Os autores desta magnífica teoria, também estratificam a categoria: há tipos normais (dentro do possível), e há beatos. Enfim, perdem-se na teoria, esquecem o essencial: somos todos homens, todos iguais, feitos da mesma matéria: somos todos pecadores defeituosos. E quem acusa parece por vezes esquecer isso. Porque fazendo do católico o membro de uma seita mafiosa ou de opiáceos, ignora a maior evidencia: é que o beato padece dos vícios dos homens, e que por isso também é preguiçoso.
O que ninguém vê, o que era bom que vissem, o que está diante dos olhos, é que milhões de pessoas saíram de casa, passaram a noite em claro, sob a ameaça de chuva, ajoelhadas a rezar. Foi Noite Branca em Roma.
Porque o fazem? Cada um terá sido tocado à sua maneira, de forma a sentirem o impulso de sair de casa para testemunharem aquilo que viram. Porque o que viram não foi ilusão, antes lhes falou directamente ao coração, porque era algo demasiado humano e razoável para não ser verdadeiro: o testemunho de João Paulo II.
Hoje, uma jornalista perguntava como era possível tanta simpatia por um Papa que ela achava ter tido tantas atitudes contraditórias (segundo ela, isto devia-se ao facto de ele ser conservador e popular). Lembrei-me das palavras de Giussani, quando o questionavam sobre o porquê de tantas pessoas se reunirem para o ouvir. Giussani respondeu de imediato: "porque acredito naquilo de digo". O jornalista ficou atónito a olhar para ele. E ele encolheu os ombros ironicamente. O Jornalista ainda perguntou se isso bastava. Giussani disse que sim, e riu.
João Paulo II possuía a mesma força, a mesma coragem, a mesma fidelidade aquilo que viu e acreditou, e que viveu para anunciar. E o Papa Bento XVI sublinhava-o hoje na homilia:
«E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho».
Amar João Paulo II não é uma formalidade, uma simpatia, um acto de beatice, mas um reconhecer de uma presença que se impôs, que ainda hoje se impõe, que falou ao mundo, e lhe mostrou um caminho que muitos ignoravam porque lhes abriu os horizontes, arrastando consigo multidões. Ainda hoje arrasta. Multidões que se movem pela força daquilo que encontraram, pela atractividade e comoção que aquela força de gigante lhes causou. E este é o testemunho de quem foi João Paulo II, da importância que teve para cada um de nós. Como Dostoyevski escrevia: «eu vi a verdade, não a inventei eu, e a sua imagem viva encheu a minha alma para sempre». Curiosamente, dois mil anos depois, este continua a ser o método da Igreja: um método que não viola a natureza das coisas, porque como ensina Wojtyla, «o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem».
Pensando em João Paulo II, lembro a crítica de João Pereira Coutinho sobre "O Discurso do Rei". Guardo na memória a sua última imagem, cansado, doente, na janela do hospital, abençoando o povo quando as forças físicas definhavam, e constato para mim que a vida de João Paulo II é um testemunho «sobre a mais rara das virtudes: a virtude da resiliência. Esse sentimento moral profundo de que existem deveres que não apenas são superiores a nós como exigem o melhor de nós». Esse seu sentimento nasceu de um encontro; o encontro com Cristo. Cristo vivo. Presente. Aqui e agora. Um encontro tão grande, que lhe encheu a alma, e o levou a anunciá-lo por todo o mundo.
Quem não vê isto não vê para além do que está diante dos olhos, ou seja, passados dois mil anos, a doutrina de Tomé continua a vencer, apesar da derrota que Jesus lhe infligiu. Mas, como está escrito, são «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29).
Obrigado Beato João Paulo II.
Obrigado Beato João Paulo II.
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