quarta-feira, 20 de abril de 2011

Funeral


Na sala lânguida, lúgubre e muito britânica, o sujeito de bigode branco e fraque, perguntou ao pequeno jovem bem parecido que acabara de entrar:
- Então, como foi o funeral?
- Normal - disse com displicência - Abriu-se um buraco no chão, e enterrou-se o corpo.
E mordera raivosamente um éclair que retirara de um tabuleiro de um empregado que passava.
A banalidade com que tratava a morte era tal que falava dela como quem bebia uma imperial. Causava choque, horror, alguns arrepios, mas fazia parte do seu modo de estar, do seu género, da sua rudeza.

Sem comentários:

Enviar um comentário