Como homens que somos temos necessidades e hábitos. Ou a falta deles. Escrever exige a frequência e atenção que nem sempre temos. Porque não estamos sempre disponiveis. Que o digam os nossos amigos... Já a leitura é mais frequente, passional, namoradeira. Há sempre tempo. Há sempre disponibilidade. No fundo, há sempre uma leitura atenta ou automatizada. Como em tudo na vida.
Os livros chegam por fim à estante, para o seu eterno descanso. Antes viram as suas folhas serem violadas, vergastadas, perfuradas pelo meu olhar. Sou sincero: sou escrupuloso. Tenho curiosidade de porteira. E analiso-as com a atenção e o perfeccionismo de um avaliador fiscal fazedor de cobranças. Mas por vezes tratei algumas delas com a frieza e indiferença que se dá aos desgraçados deste mundo, sem sorte nesta vida. Envergonho-me por isso.
Quando me contrair, certamente correrei para elas pedindo-lhes perdão. E dando-lhes a atenção necessária. Porque o bom da morte, é que uma pessoa fica sempre fácil de encontrar, porque está no seu lugar; e, além disso, é o único estado conhecido, do qual só é possivel evoluir para a vida.
Reactivemos, pois, a casa.
E quem sabe, mudemos-lhe o visual.
Ou não fosse a vida, aqui, sempre um tempo de recomeço.
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