sábado, 31 de outubro de 2009

Um Lema

(ao Miguel Vaz)


A vida corre inteira pelas nossa mãos,
A Morte morre inteira pela força das nossa mãos.



sexta-feira, 30 de outubro de 2009

COMUNICADO


DIA NACIONAL PREVENÇÃO DO CANCRO DA MAMA

Neste dia 30 de Outubro, escolhido em Portugal para informar as mulheres acerca das precauções que devem ter para evitar o cancro da mama, lamentamos que o discurso ideológico esteja a condicionar o direito das mulheres à saúde.

A decisão das autoridades de saúde de não informar as mulheres portuguesas de que o aborto provocado ocasiona cancro da mama, com uma probabilidade elevada, é uma irresponsabilidade muito grave e um atentado contra o legítimo direito à informação.

Não conseguimos compreender que o Governo de um país se empenhe com tanto afinco em aumentar o número de abortos e verificamos, com muita tristeza, como os objectivos de carácter ideológico se sobrepõem tão facilmente ao direito à informação, num assunto que afecta a saúde e até a vida de tantas pessoas.

30 de Outubro de 2009

Federação Portuguesa pela Vida

Contactos para a Comunicação Social:
José Maria André
Federação Portuguesa pela Vida

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ensaio sobre o Fanatismo

Por João Pereira Coutinho

Em termos literários, a narrativa de “Caim” é pobre e, nas descrições sexuais, vulgar e risível



O ATEÍSMO de Saramago faz lembrar uma história. Um dia perguntaram a Kingsley Amis por que motivo ele não acreditava em Deus. Amis fez cara de enfado e, razoavelmente sóbrio, explicou: “Não é bem não acreditar em Deus; é mais detestá-lO“.

Tal como Amis, Saramago não descrê em Deus; ele simplesmente detesta-O com uma força só comparável à devoção dos verdadeiramente fanáticos. Nos seus livros “heréticos”, o Mal não está apenas na religião tradicional e organizada. O Mal está na fonte. Leiam “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”: Deus é o vilão, não Jesus. Pelo contrário: Jesus só merece a empatia do autor, que descreve o destino daquele homem, condenado a sofrer às mãos do Pai, com verdadeira caridade “cristã”.

Deus, como sempre, é o supremo criminoso. A atitude é profundamente religiosa. E Saramago é, ironia, a criatura mais religiosa da literatura contemporânea. Não somos religiosos apenas porque amamos Deus. Somos religiosos até quando O detestamos: o nosso ódio, como Graham Greene mostrou no magistral “Fim de Caso”, é também uma forma de afirmação. De afirmação pela negação. “Eu sou o espírito que nega!”, exclama Mefistófeles ao dr. Fausto.

Saramago também. É por isso que Saramago e os fanáticos religiosos que ele tanto critica falam a mesma linguagem. Ainda que habitem pontos opostos do diálogo. Essa atitude está novamente presente no último romance, “Caim“. Em termos literários, a narrativa é pobre e, sobretudo nas descrições sexuais, vulgar e risível. Razão tinha o escritor português Francisco José Viegas quando dizia há tempos que os lusos trepavam mal na literatura.

“Caim” revisita a história bíblica do irmão que mata o irmão. Por inveja? Por maldade? Saramago tem uma opinião diferente: porque Deus é caprichoso e, aceitando as ofertas de Abel, recusa as de Caim.

O Deus de Saramago é assim: uma caricatura das divindades pagãs. É um Deus colérico, mesquinho, traiçoeiro, cruel. E, em matéria de onipotência e onisciência, uma verdadeira anedota: ele não pode tudo, ele não sabe tudo. Ele é deus, sim, mas com minúscula. Ou, nas palavras do autor, um “filho da puta”.

Esse rol de vícios é desfiado em “Caim” com uma infantilidade raramente vista na literatura. Depois de matar Abel por culpa exclusiva do divino, o inocente Caim vai viajando pelo Antigo Testamento como testemunha dos crimes de Deus.


Os episódios são escolhidos com precisão cirúrgica: temos o sacrifício de Isaac por Abraão, evitado “in extremis” por Caim, prova definitiva de que Caim é bom e Deus é mau. Tão mau que, por ciúmes, destrói a Torre de Babel; permite a crueldade infanticida em Sodoma e Gomorra; tortura Job; e submerge o mundo no episódio da arca de Noé, momento final que permitirá a Caim exterminar as criaturas e confrontar-se diretamente com o Criador.

Para Saramago, Caim é uma espécie de bolchevique “avant la lettre“, um terrorista disposto a combater e a sabotar um sistema absurdo e demencial. Uma visão dessas só é possível na cabeça maniqueísta de um fanático.

Mas Saramago não assume apenas as vestes do fanatismo ateu. Ele partilha com os fanáticos religiosos o mesmo tipo de interpretação literalista dos textos sacros, incapaz de ver neles qualquer dimensão alegórica, metafórica ou evolutiva. Disse “evolutiva”? Reafirmo. O Antigo Testamento só será compreensível se o lermos como um todo. Porque só a leitura do todo permite cartografar a evolução da própria ideia de Deus: um longo processo de composição milenar que, sobretudo com as contribuições dos grandes profetas entre os séculos 6 e 8 a.C., oferece uma visão do divino que é o oposto da visão iletrada, maniqueísta e literalista de Saramago. Uma visão que seria complementada pelo Novo Testamento.

E Caim? Um mero executor de um crime autorizado e até precipitado por Deus? Não vale a pena tentar explicar que é impossível discutir Caim sem discutir primeiro o arcano problema do Mal. Mas é possível dizer que o problema do Mal é indissociável da liberdade constitutiva dos homens.

Para Saramago, o livre-arbítrio não existe. O que existe é a velha visão determinista que apresenta os homens como meros joguetes das forças inexoráveis da história. E, como joguetes, obviamente absolvidos de qualquer ato ou crime.

Enganam-se aqueles que afirmam que a ideologia política de Saramago deve ser separada da sua criação literária. Em Saramago, ideologia e literatura cumprem o mesmo papel. Doutrinar.

Folha de São Paulo, 27 de Outubro de 2009

Perguntam-me por Saramago

Quem?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Pelo que é Nacional e é Bom!

O prazer de ser do contra!


Ainda estou para perceber o que tem a Fernanda Câncio contra a gravata?
Sinceramente, que lhe terá feito de especial esse objecto, para hoje ela a querer arrancar do sitio?

domingo, 25 de outubro de 2009

Escrevo para os Portugueses


«Eu escrevo para os portugueses. Cada vez mais. Com todas estas traduções, com todas estas coisas que me têm acontecido, continua a ser para os portugueses que eu escrevo. Para as pessoas do meu país, que é tão singular e tão rico ao mesmo tempo. Cada vez que dizem que Portugal é um país pequeno, fico furioso. Para mim chega-me perfeitamente e é enorme.
(...)
A nossa língua é maravilhosa para escrever.»

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Tradição das PME's

A tradição portuguesa da defesa pequenas e médias empresas!




ou piquenas, como dizia a outra!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Esclarecimento


Muitas pessoas - todas elas equivocadas - julgam o meu aparecimento ao lado de Pedro Santana Lopes na campanha do Movimento Lisboa com sentido como um acto de partidarismo. Nego-o completamente; tudo isso é falso.

A política é para mim um espaço nobre. Não me entrego a ela levianamente. Antes, faço-o com a consciência de que o meu empenho possa trazer resultados bons e, consequentemente, úteis. Entro no seu jogo quando pressinto a importância das suas causas, quando elas são as minhas e, acima de tudo, quando por elas me devo bater.

Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre. Já aqui o afirmei.
Não tenho partido. Nem me parece que algum dia o vá ter, pois que a minha visão do mundo é muito diferente da que hoje predomina. Ou como dizia o João Pereira Coutinho, «mesmo que quisesse, não haveria partido para mim. O hábito desagradável de pensar pela minha cabeça não se ajusta a um mundo maioritariamente povoado por gente sem cabeça que pensa com a dos outros».

Por isso, o meu partidarismo não existe, assim como não existe o meu partido.
No entanto, a minha intervenção política não deixa de existir por isso.
Não acredito no partidarismo. É verdade. Mas, amaldiçoado seria se me encontrasse tão dependente dele, que por causa disso deixasse de dizer, por ninguém querer ouvir, o que me grita a consciência!
Acredito em causas e em projectos credíveis. E foi isso que me motivou a apoiar Pedro Santana Lopes. Acreditei naquele projecto. E podia ser-lhe útil apoiando-o; e mais: dando-lhe o meu voto.

Não ganhei, como habitualmente não ganho. Mas agi, como faço sempre, em consciência. Não quis, nem queria um Presidente submisso ao governo, e que desconhece por completo Lisboa. E acreditei num homem com um passado político - que existe, mas que se encontra maioritariamente escondido por detrás de episódios de uma vida privada, que não é, apesar de tudo, a pior das figuras públicas e políticas que conhecemos. Julgá-lo por maus meses como Primeiro-Ministro é ignorar a questão que agora se debateu. Esquecer o que fez por Lisboa, para o julgar pelo que se mostrou incapaz de fazer na direcção de um país, parece-me por tudo isto profundamente injusto; verdadeiramente errado.
Porque, ao contrário do que se diz, Lisboa não é Portugal...