quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Peso do Passado



«não é possivel planear o futuro fixados no passado»

[Edmund Burke, citado há poucos minutos no Parlamento Português no Debate Parlamentar sobre o Programa de Governo]

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O que é importante

«Tolstoi é talvez o primeiro a propor a famosa acusação que Virginia Woolf meio século mais tarde dirigiu contra os profetas públicos da sua geração - Shaw, Wells e Arnold Bennett - materialistas cegos que não perceberam que os seus acidentes exteriores, os aspectos sem importância extrínsecos à alma individual - as chamadas realidades sociais, económicas e políticas - com o que é realmente genuíno, a experiência individual, as relações específicas dos indivíduos entre si, as cores, cheiros, sabores, sons e movimentos, as invejas, amores, ódios, paixões, os raros lampejos de visão arguta, os momentos de viragem, a sucessão normal e diária de dados particulares que constituem tudo o que existe - e que são a realidade.»

[Isaiah Berlin, O Ouriço e a Raposa, in A Apoteose da Vontade Romântica, Bizâncio, Lisboa, 1999, pág.226]

terça-feira, 28 de junho de 2011

O encontro

«Nunca ninguém me falara de Cristo como ele me falava: na sua amizade, e na companhia que ela gerou e gera na história, verifiquei a verdade do Evangelho como resposta ao desejo mais veemente do meu ser homem. Comecei então a desejar pregar como ele- com a paixão pelo humano, a abertura cultural, a certeza de Cristo presente, o amor à Igreja que repassam cada uma das suas palavras; tentei imitá-lo, na escolha dos temas, nos autores e passagens citados, aténa entoação. Parecerá pueril a quem não tem a graça de poder na sua vida seguir assim um mestre e um pai. A mim, sei que me ajudou a pregar melhor - e é a menor das coisas em que me ajudou».

[João Seabra, Directo ao Assunto, Lucerna, Estoril, 2003, pág.8]

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Life


«You cannot find peace by avoinding life, Leonard.»

[said Virginia Woolf in The Hours, 2002]

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Redenção


E a velha olhava pela janela, e dizia tentando consolar o pequeno:
- Afinal de contas, haverá alguma coisa a que não nos habituemos nesta vida?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

As nossa decisões

«Ou sim ou não. Cada um é único. Tem aquele seu encontro com o descontentamente que se arrepende e repete. Porque nada serve. Nem coisas, nem plantas, nem bichos, nem homens. É tudo para substituir. Fugaz. Improvável. Mas sem renúncia.»

[Adriano Moreira, Tempo de Vésperas]

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Esteves Cardoso


«Mais do que o sexo ou a nacionalidade, mais do que as ideias literárias, estéticas ou políticas, é a idade que mais aproxima o leitor de quem lê.»

[Miguel Esteves Cardoso, Com a mesma idade, Público, Sexta-Feira, 17 de Junho de 2011, pág.41]

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dia de Leopold

Hoje Ulysses e Joyce saem à rua para dar vida a Leopold Bloom. É o Bloomsday - o único dia do mundo dedicado apenas a uma obra literária.

Quem diria que um homem pode viver apenas um dia, durante tantos anos?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ezra Pound


«Se vocês quiserem estudar o romance, leiam o que houver de melhor no gênero.»

[Ezra POUND, Abc da literatura. Organização e tradução: Augusto de Campos e José Paulo Paes. 11.ed. São Paulo: Cultrix, 2006, p.84]

quarta-feira, 8 de junho de 2011

She said

«She said "I can't hold you much longer, getting weaker", she said
As she fades into the dark now, now how scary is that?»

[David Fonseca, (Baby) All I Ever Wanted]

terça-feira, 7 de junho de 2011

Life is Life II

Temos pena que a chuva não nos lave a alma, não nos limpe, como faz às ruas da cidade, onde a sua passagem vai arrastando o lixo que se encontra a cada recanto de cada rua.
Porque não me lavas a alma? Porque me ficam estas manchas, estas dores?
Escrevo ao ritmo de Philip Glass, ao som de Mad Rush. A vida prossegue sucessivamente como as notas e as teclas que o pianista electricamente, freneticamente, toca. Vem-me à memória Thomas Mann. E no meio da loucura insana, da velocidade estonteante do dia-a-dia, de vez em quando, caímos: é a realidade que pára para nós. Não é o tempo, não. É a vida. Porque o tempo continua, quando eu estou aqui sentado. São as páginas dos livros que não se viram. São as folhas que não caiem das árvores. Só as rugas aumentam na vida estagnada. Amo-te, amo-te, amo-te. E, sem ti, a minha vida pára. Sem ti, as rugas aparecerão, as folhas cairão, o tempo passará, a morte chegará. Mas as páginas, as minhas páginas, as páginas do meu livro continuarão em branco. Sim, o tempo arrasta-se, mas o meu papel, o papel que sou eu, permanece em branco. E que pode justificar a existência nessas circunstâncias?
Não, não terei vivido bem. Tirei os olhos da razão. Embrenhei-me no supérfluo. Esqueci-me da confissão. Cai na depressão. E, claramente, - claramente, - tenho que arranjar qualquer coisa para fazer.
Sim, tenho. Sim, vou! Eu ainda aqui estou!

Life is Life

«Descobriu um humanismo pessimista que está familiarizado com a tragédia e com as limitações da existência humana. Doença e morte fazem parte da vida e não podem negar-se: fornecem-nos um entendimento mais profundo das experiências da nossa existência do que a razão, só por si, pode proporcionar. Mas também aprendeu que, por causa da bondade e do amor, podemos impedir que a doença e a morte, esses poderes obscuros, governem os nossos pensamentos. Aprendeu a admirar a vitalidade da vida mas também a noção de que a vida carece sempre de um correctivo moral, que é oferecido pelo espírito humano.»

Rob Riemen, Nobreza de Espírito, Bizâncio, Lisboa, 2011, Pág. 57

domingo, 5 de junho de 2011

As nossas razões

Todos temos as nossas razões para dizer sim ou não aquilo que se apresenta como a verdade. São razões do nosso coração, que tem por base o que vêem ou o que viram, que lhes gerou descrença ou confiança. Mas todos temos as nossas razões: elas são uma exigência da vida social. E podem ser discutidas ou não, consoante se deseja a paz ou a guerra, a continuidade ou o fim. (Tendencialmente) Respectivamente.

Telepatia

Ontem, a esta hora, nós estavamos assim...

Eyes in the road

Deixem-me ser claro: eu não percebo nada da vida, nem sei para onde caminhamos. Simplesmente, vou seguindo o meu caminho. E tomo notas.

Luciano Amaral




«Os últimos trinta anos do regime autoritário cosrresponderam ao melhor período de crescimento económico de toda a História de Portugal. Mas de 1974 em diante deu-se um abrandamento acentuado. A transição entre um regime e outro foi especialmente complicada graças à associação da grave crise internacional dos anos 70 (...) e a crise nacional.»

Luciano Amaral, Economia Portuguesa, As Últimas Décadas, FFMS, 2010, pág. 20

sábado, 4 de junho de 2011

Biblioteca João Pereira Coutinho

A BUSCA DA VERDADE
‘Nobreza de Espírito: Um Ideal Esquecido’ o livro do filósofo holandês Rob Riemen explica que para mudar o mundo teremos de começar por nós.
Por: João Pereira Coutinho

A Editorial Bizâncio está de parabéns: é preciso sabedoria e coragem para publicar este ‘Nobreza de Espírito: Um Ideal Esquecido’, tratado filosófico que Rob Riemen escreveu em 2008. Mas sabedoria e coragem fazem parte da nobreza de que fala o título. Os editores da Bizâncio estão no caminho certo.
E nós? Nós, infelizmente, vivemos ainda na ressaca de dois extremos. Quando falamos em ‘nobreza’, os partidários do primeiro extremo abraçam-se à nobreza de berço, ou de sangue, que nobilita o indivíduo pela força dos genes. ‘Nobre’ é nascer nobre, uma classificação que foi perdendo sentido e lugar na era igualitária em que vivemos e que Tocqueville já profetizara na sua célebre viagem pela América.
No extremo oposto, encontramos uma outra forma de nobreza: a nobreza do vil metal, para a qual a dimensão de um homem funde-se e confunde-se com o tamanho da sua conta bancária. Eis uma versão caricatural do ‘self-made man’, para o qual a sorte ou a mera imperfeição humana não têm qualquer valor. Somos o que conseguimos acumular.
A ‘nobreza’ de que fala Rob Riemen é de outro tipo; é a nobreza dos que procuram a Verdade, a Beleza e o Bem, para repetir a vetusta trilogia que os Gregos nos legaram. É a busca desse ‘ideal de vida esquecido’ que moveu pensadores tão distintos como Espinosa, Thomas Mann e Leone Ginzburg, morto pelos nazis na Itália ocupada.

EDUCAÇÃO LIBERAL
Mas como se adquire essa ‘nobreza de espírito’? Se a pergunta fosse formulada a Aristóteles, a resposta do mestre seria: pelo hábito. Não apenas pela necessidade de cultivar as virtudes que consideramos necessárias para o florescimento humano – a coragem, a moderação, a sabedoria, a justiça – mas pelo contacto permanente com os grandes nomes da cultura. Só pela ‘educação liberal’ é possível elevar a nossa básica humanidade.
É esse convívio com os fantasmas de uma civilização que nos permite cultivar a liberdade interior, sem a qual não existe verdadeira liberdade em sentido político. Só como homens livres podemos habitar uma Cidade livre.
Trata-se de um exercício difícil, solitário, por vezes exasperante. Mas é um exercício necessário para não sucumbir às modas do momento. Quando não acreditamos em nada, advertia Chesterton, estamos maduros para acreditar em qualquer coisa. E muitos dos melhores intelectos do séc. XX, lembrados por Riemen, sucumbiram a essa armadilha intelectual; sucumbiram, no fundo, a essas "religiões seculares", como lhes chamava Raymond Aron, que mais não eram do que versões bastardas da fé tradicional em declínio.
"Não basta interpretar o mundo, é necessário transformá-lo", afirmava Karl Marx. Rob Riemen revisita o mandamento e, com a sua ‘Nobreza de Espírito’, reformula-o: "Não basta interpretar o mundo, nem sequer transformá-lo; antes de começarmos pelo mundo, devemos começar por nós".
RESUMO
Ensaio do filósofo Rob Rimen sobre o ideal da "nobreza de espírito"
Título original: ‘Adel van de Geest’
Autor: Rob Riemen
Editora: Bizâncio
Tradução: António Carvalho

(in Correio da Manhã)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dorothy Dix


«Confession is always weakness. The grave soul keeps its own secrets, and takes its own punishment in silence.»

Dorothy Dix, pseudónimo de Elizabeth Meriwether Gilmer, jornalista americana, nascida em 1861.